quinta-feira, janeiro 19, 2006

Motores de rega

Transporta-me para os campos luminosos
onde cresce a papoila e os castanheiros
fabricam o outono devagar. Ou vem comigo
ver o linho e o cânhamo, as terras húmidas
enquadradas por pomares. Esquece o mês,
esquece o dia, as horas são eternas, vão
passando eternamente à beira da estrada
ladeada de pinhais. A caruma
que se acama vem de longe, os fetos
fazem alas aos moscardos e ver as giestas
é a mesma coisa que ficar. Ou não será
mas, atentos aos mosquitos, os cucos
cantam nos motores de rega. E se vieres
ou me levares contigo, lá ao fundo,
desenho-te um ribeiro a ir para o mar.