sexta-feira, março 31, 2006

O deserto

Suleimão, por tarde quente, atravessava
o deserto de camelo. Ruminavam,
Suleimão e o animal, um na vida
macaca, outro no feno. Há três dias
que o balanço da viagem fazia
tilintar os frascos nos alforges.
No silêncio absoluto, suponho, do deserto,
quilómetros em redor – seriam léguas? –
os tlins de Suleimão repercutiam-se,
sem falar das campainhas do camelo.
Onde quero chegar, não sei ao
certo. Mas Suleimão, na bossa
do camelo, lá saberá, melhor do
que eu, onde é que vai.