Sobre física quântica
Não sei contar as areias do mar.
E no entanto, o infinito é esta estrada
larga, onde às vezes se ouve um pequeno
pássaro cantando na berma. Ou assim
parece. Em frente, o ar vibra, desenhando
um piano de cores. Mais além. O que ficou
para trás, cobre-o a bruma no sopé
dos montes, tão branca e leve como
a renda antiga. Ou a flor da neve.
Não sei contar as estrelas e os cometas.
As partículas de luz. E no entanto,
infinitos astros ardem lentamente
no lago quieto de um único olhar.
Peixes prateados e risonhos, imagino,
habitam as profundezas. Ou graves,
da gravidade lenta das baleias brancas.
As ondas rebentam na praia, a lua,
parece, faz rodar as marés. O infinito
é agora uma nítida ilha, a que nasce da linha
do horizonte como uma miragem.
Incontáveis ilhas. Incansáveis barcos.
Este que agora singra no espaço
curvo, e que se desvia da rota.
Por exemplo, o tempo.
E no entanto, a noite
gira no seu arco perfeito e improvável.
Algures, alguém observa o improvável
céu, em busca dos centauros e da ursa maior.
(na cauda da mais pequena, a estrela polar).
Aqui, de onde o olhar abarca, o infinito
tem a nítida forma de uma abóboda
com janelas. De uma abóboda manuelina
com janelas, cordas e flores exóticas.
Eis, portanto, um mapa e algumas equações.
As que descrevem a lenta subida da seiva
nos caules verdes, no caminho da colina.
As que anotam a água fixa dos glaciares,
ou declinam a neve. Mesmo as transviadas,
interrompidas bruscamente por um erro
de cálculo e de onde os átomos jorram
em cascatas como fontes ao sol.
Repousa simetricamente o claro coração
dos elementos. Conhecemos os seus nomes
um a um. Por exemplo, o ouro (pepitas,
num rio antigo). Num certo sentido,
o infinito é uma escada em espiral na torre
gótica da margem. Um número, enfim, um degrau
mais além. Aqui, debaixo da lua, habitamos
a casa dos limites. E sob o arco perfeito da noite .
Continuaremos a contar as figuras do infinito,
a metê-lo em tubos, quiçá seguindo a pauta
de uma sinfonia barroca para órgão e oboé.
Ao fundo, as nebulosas estendem os seus
braços à velocidade da luz. Medusas, talvez.
Poeira branca. Na margem direita do rio, um
pescador retira uma carpa (prateada) do anzol.
E os peixes do mar.
E no entanto, o infinito é esta estrada
larga, onde às vezes se ouve um pequeno
pássaro cantando na berma. Ou assim
parece. Em frente, o ar vibra, desenhando
um piano de cores. Mais além. O que ficou
para trás, cobre-o a bruma no sopé
dos montes, tão branca e leve como
a renda antiga. Ou a flor da neve.
Não sei contar as estrelas e os cometas.
As partículas de luz. E no entanto,
infinitos astros ardem lentamente
no lago quieto de um único olhar.
Peixes prateados e risonhos, imagino,
habitam as profundezas. Ou graves,
da gravidade lenta das baleias brancas.
As ondas rebentam na praia, a lua,
parece, faz rodar as marés. O infinito
é agora uma nítida ilha, a que nasce da linha
do horizonte como uma miragem.
Incontáveis ilhas. Incansáveis barcos.
Este que agora singra no espaço
curvo, e que se desvia da rota.
Por exemplo, o tempo.
E no entanto, a noite
gira no seu arco perfeito e improvável.
Algures, alguém observa o improvável
céu, em busca dos centauros e da ursa maior.
(na cauda da mais pequena, a estrela polar).
Aqui, de onde o olhar abarca, o infinito
tem a nítida forma de uma abóboda
com janelas. De uma abóboda manuelina
com janelas, cordas e flores exóticas.
Eis, portanto, um mapa e algumas equações.
As que descrevem a lenta subida da seiva
nos caules verdes, no caminho da colina.
As que anotam a água fixa dos glaciares,
ou declinam a neve. Mesmo as transviadas,
interrompidas bruscamente por um erro
de cálculo e de onde os átomos jorram
em cascatas como fontes ao sol.
Repousa simetricamente o claro coração
dos elementos. Conhecemos os seus nomes
um a um. Por exemplo, o ouro (pepitas,
num rio antigo). Num certo sentido,
o infinito é uma escada em espiral na torre
gótica da margem. Um número, enfim, um degrau
mais além. Aqui, debaixo da lua, habitamos
a casa dos limites. E sob o arco perfeito da noite .
Continuaremos a contar as figuras do infinito,
a metê-lo em tubos, quiçá seguindo a pauta
de uma sinfonia barroca para órgão e oboé.
Ao fundo, as nebulosas estendem os seus
braços à velocidade da luz. Medusas, talvez.
Poeira branca. Na margem direita do rio, um
pescador retira uma carpa (prateada) do anzol.
E os peixes do mar.
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